Palmeiras

O DESABAFO DE UM ANÔNIMO

O texto a seguir reflete um sentimento único na maioria dos amantes torcedores do Palmeiras.

Está mais do que provado que mesmo contra alguns torcedores mais apaixonados iludidos do que eu nosso amado clube passa por uma fase negra e vergonhosa há décadas. Não há um consenso geral de que somos um clube vencedor e glorioso desde o final da década de 90. Nos últimos dias não consigo deixar de pensar em Luigi Cervo, Luigi Marzo, Vicente Ragognetti, Simone Ezequiel e Antônio Aulicino dentre os outros 41 integrantes que iniciaram os primeiros 96 anos dessa história longa e vitoriosa. Penso sinceramente que esses honrados homens que no meio de tantas dificuldades em meados de 1914 encararam todos os obstáculos e desafios e fundaram com seu sangue e garra a Sociedade Esportiva Palestra Itália. E hoje vemos que diversos motivos desonram o nome Palmeiras e toda essa multidão que o segue ao longo de todos esses anos. Dentre os motivos mais óbvios cito a péssima administração nos últimos anos que usou o Palmeiras para enriquecer e colocar o clube em segundo plano. Além disso vemos um clube rachado e refém de jogadores mercenários que usam o manto sagrado apenas para esperar o pagamento cair na conta, dar entrevistas e sair com a imagem de galãs de novela das oito.

Agora eu lhes pergunto do fundo do meu coração - É isso que os fundadores do Palestra desejavam 96 anos depois ?

Tudo o que algumas personalidades fizeram que marcaram a história do Palmeiras de uma forma ou de outra hoje em dia é marcado como algo desnecessário. Desnecessário pois se a atual diretoria não se importa com os torcedores e seus feitos, quem vai se importar ? E o elenco sofrível, acham mesmo que algum jogador dormiu mal essa noite ? Descontando São Marcos, Valdívia e Felipão creio que apenas um número ínfimo deve ter se preocupado com o aniversário mal sucedido e a derrota para o lanterna do campeonato.

É esse espírito verde que falta ao Palmeiras. Uma patologia que atinge todos os clubes brasileiros. Mas como nos importamos com o Palmeiras, reparamos apenas no que nos interessa. A falta de identificação do jogador com o clube somado ao interesse financeiro de alguns empresários inescrupulosos associados a um presidente incompetente e uma diretoria omissa e convivente é o resultado que vemos. Um vexame numa data importantíssima para o clube. E quem perde com isso é o torcedor. O esporte conhecido como alegria das massas e do povo é uma máquina de podridão e interesses. E no nosso amado Palmeiras não deixa de ser diferente.

Mais uma pergunta que não quer calar: - O senhor dormiu bem hoje senhor Beluzzo ?

*****
O orgulho de uma geração sonhadora e iludida que fez da necessidade e do amor a fundação do maior clube mundial poliesportivo. A Sociedade Esportiva Palmeiras. Eis o primeiro troféu conquistado. A Taça Savóia disputada em 1915. Uma honra que alguns conquistaram em nome de uma pátria distante e em nome do nascer de um sonho.

*****

Hoje, 96 anos depois, vivemos um clube sucateado, envergonhado e desonrado que não mete medo em ninguém. Vemos times inexpressivos como Asa, Santo André, Atlético Goianeense e tantos outros que nos últimos anos mancharam nosso nome e arranharam a imagem criada pelos nobres guerreiros que honraram a camisa mais sagrada que existe. Essa bandeira é prova de uma luta que os atuais jogadores e dirigentes se esqueceram para que existe. Não notam que essa bandeira é sinônimo de um sonho e motivo de orgulho. Não valorizam seus empregos. Sujam nosso sonho em troca de dinheiro, contratos, altos salários ( desmerecidos ), álcool e tantos outros motivos fúteis. No caso do amor, o dinheiro é supérfluo. Mas ninguém entende isso, ou faz de conta que não entende.

*****

Hoje as lágrimas de alguns líderes e ídolos que já provaram sua lealdade e honra mancham o uniforme que outros não dão o mínimo de seu esforço para valorizar. Hoje vemos que muitos jogadores e dirigentes não dão a atenção devida ao cargo que ocupam e agem como se esse é só mais um clube e mais um emprego. Tenho pena de ídolos como Marcos que sonha em se aposentar na glória do presente mas que infelizmente terá que viver apenas do passado. Aposentando-se na vergonha do presente apesar de seus magníficos feitos registrados em nome do Palmeiras e suas conquistas importantes. Tenho vergonha de olhar nos olhos de Ademir da Guia e César Maluco, dois personagens correntes na história desses 96 anos de Palmeiras. São pessoas que ganharam praticamente tudo o que havia de mais importante para o clube na sua época e que hoje olham para mim pensando que não sei o que é futebol pois sinceramente nem eu sei bem ao certo o que é vendo o futebol que o Palmeiras tem jogado ultimamente. Um reflexo da década de 80 que nos atormenta por gerações. E que foi revisitada em 2002 na vergonhosa queda para a segunda divisão.

Acho que da próxima vez que ver Marcos, Ademir da Guia, César Maluco ou qualquer outro ídolo importante eternizado no Palmeiras vou chorar. Pois eu vivo do passado e me envergonho com o presente.

*****

Parabéns ao senhor Simone Ezequiel, primeiro presidente do Palestra Itália. Um sinônimo de força, garra, honra e vitória. Um dos 46 fundadores e o primeiro vencedor do clube.

Tendo sua cadeira ocupada posteriormente por Mustafá Contursi, Affonso Della Mônica e Luiz Beluzzo. Uma vergonha para os eleitos que passaram vencendo pelo clube e honrando em nome do Palmeiras. Meu medo agora reserva-se ao futuro. Os nomes mais cogitados são cumplices de nomes que no passado já tiveram algum envolvimento com a sujeira deixada por administrações anteriores. Para quem vive, respira e ama o Palmeiras, o futuro reserva-se obscuro e incerto. Para quem se importa apenas com o resultado das partidas o temor é ainda maior pois à julgar pela campanha dos últimos 10 anos não temos boas expectativas.

Encerro aqui esse desabafo. Agradeço a você que leu até o final e mesmo discordando do conteúdo integral ou parcial desse texto peço humildemente que nos unimos em nome do clube e façamos algo já. Como está não pode ficar. Estamos estagnados há décadas. E se não fizermos algo imediatamente seremos no futuro mais um clube paulista que já foi grande. Não quero me tornar uma Portuguesa ou um Juventus da Rua Javari. Era para sermos o maior clube brasileiro e mundial. Mas hoje, pelos feitos atuais e conquistas presentes, não passamos de sonhadores que contam histórias do passado lembrando de jogadores que um dia choraram no manto sagrado. Mas choraram de alegria e não de vergonha. Mas só chora quem se importa. E nem isso vemos em campo atualmente.

Obrigado.